domingo, 29 de junho de 2008

Notas rápidas sobre a táctica de Sócrates


Sócrates joga uma táctica para tentar enganar o zé povinho, a de tentar convencer “todo mundo” que o novo código de trabalho é uma coisa muito boa para os trabalhadores. Coisa tão boa que os patrões adoraram – claro, porque eles só querem o nosso bem.
Quem não quer é o BE e o PCP. Esses são atrasados, conservadores, só querem que a competitividade do país não avance e, portanto, que a gente não fique ganhando como os chineses e trabalhando como os indianos.
A táctica de martelar que o código diminui a precariedade há-de ser feita até à exaustão. E Sócrates tem alguns objectivos com esta táctica:
1. É a peneira com que pretendem tapar o sol;
2. É o “seguro de vida” daqueles que sempre vendem os nossos direitos, a UGT;
3. Visa provocar uma divisão na classe trabalhadora, pondo os precários a defender o código e “atacar” os efectivos.
Sócrates usa ainda uma variante na sua táctica: a de que o PCP controla os sindicatos e não lhe dá autonomia. Essa é, essencialmente, uma verdade; mas como dizia o poeta Aleixo “para a mentira ser segura e atingir profundidade, tem que trazer à mistura qualquer coisa de verdade”. Porque Sócrates, esperto, o faz?
1. Sócrates quer meter um isco para a esquerda esquecer o essencial, o novo código, e se meter à bulha sobre se há ou não autonomia nos sindicatos – abrindo-se uma frente de conflito não contra o governo mas entre a própria esquerda;
2. Sócrates faz esquecer a vergonha descarada que é nem sequer se chegar àquilo que foi a governação Guterres: limitar os contratos a prazo e passá-los a efectivos quando fossem renovados sucessiva ou intercaladamente.
Está muito bem Carvalho da Silva quando pretende alargar alianças na contestação contra o governo.

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