sábado, 27 de dezembro de 2008

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Especulação: antecipar as legislativas?


Santana Lopes veio criar o "alarme", o "PS quer antecipar as legislativas".

O PS ganharia alguma coisa com isso? Talvez. Dava menos tempo a Manuela Ferreira Leite para coesionar o PSD (se ela não continuar a dar tiros nos pés), evitava mais as consequências da crise económica que as suas políticas agravam, retiraria algum espaço de demarcação ao PSD se as eleições fossem simultâneas com as europeias, invocava até diminuição de despesas e mais tempo de debate para as "importantes" autárquicas, a sua última referência eleitoral era a vitória nos Açores, estava exposto a menos tempo de desgaste político, dava menos tempo a Alegre e outros de novas acções constestatárias, invocaria mais tempo para preparar um orçamento no ano das tormentas...

E perderia? Talvez, se isso criasse alguma instabilidade no apoio que está a conceder à burguesia portuguesa - o que é um argumento de peso, se se considerar que uma vitória nas legislativas, próximas das autárquicas, ajudassem os resultados destas últimas, ou até se isso dificultasse uma derrota imposta aos professores...

A ver vamos.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Fome, o filme

O filme sobre a greve de fome dos prisioneiros do IRA é daquelas obras imprescindíveis. Quase todo rodado dentro da prisão é todo ele cheio de cenas simples mas muito fortes, muito violentas até.
O filme traz-nos esta mítica luta dos republicanos enfrentando a "dama de ferro" e a brutal repressão prisional. Mas traz-nos ainda mais a reflexão sobre a greve da fome enquanto forma de luta. Ou até que ponto ela o é?
Veja aqui a crítica do filme. E aqui a crónica sobre o filme no Ípsilon.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

As migalhas que alimentam os ricos

Nota 20 para este cartoon de Luís Afonso no Público de domingo.


sábado, 6 de dezembro de 2008

A uma educação sem a cedilha


(ou gastar cera com ruins defuntos)


Acima das metáforas, a sério
e contra a prática da hipocrisia,
gostava de fazer uma poesia
que fizesse cair um ministério,


o que se esmera a ser a cobra prima,
legislador em prosa de leproso,
que é um triunvirato tenebroso,
que é uma cruz que nos caiu em cima,

que é o surdo e o cego e que persiste
sem vislumbrar além do seu umbigo,
sonâmbulo que só fala consigo
e faz de conta que mais nada existe.

Militante do turvo e do confuso,
alcandorado no seu trono imenso,
com poder em abuso e sem o uso
elementar do mais comum bom senso.

Examinam-se e surgem-nos exactas
as inexactidões dos próprios actos,
expressas nas erratas das erratas
que são os seus decretos caricatos.

A vida, corrigindo-lhes discursos,
há muito que os tornou ultrapassados.
Fazem sorteios e chamam-lhes concursos,
colocando o rigor nos sorteados.

A sua solução é concentrar
em cada professor um inimigo.
O propor... não o sabem conjugar.
Só o impor... e só se for castigo.

Mas a grande, a suprema solução
é a medida popular e mística
que sujeita o docente à retenção
e o aluno ao sucesso da Estatística.

Confundem as vitórias com derrotas.
Querem-nos quietos a contar migalhas.
Mas de quem malbarata as suas tropas
a história diz que não ganhou batalhas.

Bússola gasta que já não norteia,
são a troça que roça o antipático,
o atraso mental, a verborreia,
a veia irracional, o burocrático.

Repelentes, pretendem repelir-nos,
a raiva já subiu a titular,
mas, se nos querem cães, vão consentir-nos
o direito sagrado de rosnar.

Para além de ridículos e fúteis,
são à razão soberbos atentados
e, ainda que cancelem, só são úteis
quando eles próprios forem cancelados.

Eis o resumo de um triunvirato,
em que a perfídia é o que mais perfilha.
A sua lucidez é um hiato.
A sua educação é sem cedilha.


Euleriano Ponati

(chegado por e-mail)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Governo assina acordo com o seu umbigo



O Jornal Público publica hoje uma notícia curiosa: "O Governo assinou ontem um protocolo de cooperação com o provedor para o Trabalho Temporário, a RTP, a rádio TSF e a Valentim de Carvalho para combater explorações laborais de portugueses no estrangeiro. Um dos objectivos é lançar uma campanha informativa para alertar os portugueses que pretendam trabalhar no estrangeiro acerca dos seus direitos e deveres. O provedor para o Trabalho Temporário, o deputado socialista Vitalino Canas, diz não receber muitas queixas deste género, apesar de nos últimos anos terem ocorrido diversos problemas no sector".

Há aqui duas coisas ilariantes. A primeira que o governo faça um protocolo pecisamente com o porta-voz do seu próprio partido. A segunda, a de que o dito provedor do trabalho temporário/porta-voz do partido socialista/deputado na AR não receber queixas de abusos de trabalho temporário. Ora pois claro, desde quando é que os trabalhadores se devem queixar aos defensores dos patrões?

Se os trabalhadores emigrantes estiverem à espera do apoio do provedor dos patrões poderão esperar sentados.