quarta-feira, 3 de março de 2010
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Se perderes o emprego não desanimes
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
A merda e o carteiro
O carteiro que roubava os cheques das reformas aos velhos pensionistas, morre e vai para o inferno.
Lá encontra o Diabo que lhe diz:
- Como castigo pelos teus pecados em vida, vais ficar uma eternidade dentro de um imenso tanque cheio de merd** e atolado até ao queixo.
Ele olha para o lado e vê a Manela Ferreira Leite dentro do mesmo tanque com a merd** só pela cintura.
O carteiro irritado, chama o demónio e reclama:
- Desculpa lá !!! Assim não dá !!! Tem dó, eu não roubei tanto assim !!!
Só roubei o dinheiro dos reformados de Vila Nova de Gaia, mas nunca ninguém conseguiu provar nada contra mim e estou aqui quase
afogado em merd**, enquanto a Manela que roubou a reforma a tantos funcionários públicos e pensionistas, está atolada em merd** só até a cintura ???
O diabo, muito zangado, olha para a Manela e grita:
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Se não podes vencê-los, junta-te a eles (talibans)
Os EUA estão com as conhecidas dificuldades no Afeganistão. Parece que estão a mudar de táctica, já que não podem vencer os talibans querem juntar-se a eles; é o que parece desta notícia...
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Pena de morte na China, vergonha dos comunistas?
Esta notícia deve fazer corar de vergonha (para sermos delicados) todos aqueles que, sendo de esquerda, mantêm relações políticas com o Partido Comunista da China.
Pode o comunismo assumir-se como alternativa violando os mais elementares direitos humanos?
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
2009 capitalismo em crise
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
sábado, 19 de dezembro de 2009
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
ainda sobre a vitória de Evo Morales
publicado originalmente no Correio de Cidadania
Há pouco mais de uma semana, celebramos o triunfo de Pepe Mujica no Uruguai. Hoje temos renovadas razões – e também mais profundas – para festejar a extraordinária vitória de Evo Morales. Tal como apontara há um tempo o analista político boliviano Hugo Moldiz Mercado, o contundente veredicto das urnas estabelece ao menos três marcos importantíssimos para a história da Bolívia: a) é o primeiro presidente democraticamente reeleito em dois pleitos sucessivos; b) é o primeiro, ademais, a melhorar a porcentagem de votos com que foi eleito pela primeira vez: 53,7% contra o atual 63,3%; c) é o primeiro a obter uma esmagadora representação na Assembléia Legislativa Plurinacional.
Além do mais, em que pese não se dispor ainda dos escrutínios definitivos, é quase certo que Evo obterá os dois terços do Senado e na Câmara dos Deputados, o que lhe permitiria nomear autoridades judiciais e aplicar a nova Constituição sem oposição. Tudo isso o converte, do ponto de vista institucional, no presidente mais poderoso na convulsionada história da Bolívia. E um presidente comprometido na construção de um futuro socialista para seu país.
Obviamente, essas conquistas não impedirão Washington de reiterar suas conhecidas críticas acerca da ‘defeituosa qualidade institucional’ da democracia boliviana, do populismo de Evo e da necessidade de melhorar o funcionamento político do país para garantir a vontade popular, como por exemplo se faz na Colômbia. Neste país, sem ir mais longe, cerca de 70 parlamentares uribistas foram investigados pela Corte Suprema de Justiça e pelo Ministério Público local por supostos vínculos com os parlamentares, sendo 30 deles mandados para a cadeia com sentença definitiva. Quatro milhões de refugiados pelo conflito armado, auge do narcotráfico e do paramilitarismo sob amparo oficial e a aquiescência de Washington, violação sistemática dos direitos humanos, entrega da soberania nacional aos EUA mediante um tratado negociado em segredo e que concedeu a instalação de sete bases militares estadunidenses em território colombiano e a fraudulenta manipulação processual para conseguir a re-reeleição do presidente Álvaro Uribe são todos traços que caracterizam uma democracia de alta "qualidade institucional" que não motiva a menor preocupação dos sediciosos cuidados com a democracia nos Estados Unidos.
O desempenho eleitoral do líder boliviano é impressionante: obteve um triunfo avassalador na convocatória da Assembléia Constituinte, em julho de 2006, que assentaria as bases institucionais do futuro Estado Plurinacional; outra grande vitória em agosto de 2008 (67%) no Referendo Revocatório forçado pelo Senado, controlado pela oposição, com o aberto propósito de derrubá-lo; em janeiro de 2009, 62% dos votantes aprovaram a nova Constituição Política do Estado; e apenas umas poucas horas atrás, outra plebiscitária ratificação de quase dois terços do eleitorado. O que há por trás dessa impressionante máquina de ganhar eleições, indestrutível, apesar do desgaste de quatro anos de gestão, dos obstáculos interpostos pela Corte Nacional Eleitoral, da hostilidade dos EUA, numerosas campanhas de desabastecimento, intentonas de golpe de Estado, ameaças separatistas e planos de magnicídio?
O que há é um governo que cumpriu suas promessas eleitorais e que, por isso mesmo, desenvolveu uma ativa política social que ganhou a indelével gratidão do povo: Programa Juancito Pinto, que chega a mais de um milhão de crianças; Renda Dignidade, um programa universal para todos os bolivianos maiores de 60 anos que careçam de outras fontes de renda; Programa Juana Azurduy para as mulheres grávidas. Um governo que erradicou o analfabetismo aplicando a metodologia cubana do programa "Yo sí puedo", que permitiu alfabetizar mais de um milhão e meio de pessoas em cerca de dois anos, razão pela qual em dezembro de 2008 a UNESCO (não os partidários de Evo) declarou a Bolívia território livre de analfabetismo. Trata-se de uma conquista extraordinária para um país que padeceu uma secular história de opressão e exploração, submerso em uma desalentadora pobreza pelas suas classes dominantes e seus amos imperiais, apesar da enorme riqueza guardada em suas entranhas e que agora, com o governo de Evo, é recuperada e posta a serviço do povo.
Por outro lado, o solidário internacionalismo de Cuba e Venezuela também permitiu a construção de numerosos hospitais e centros médicos, ao passo que milhares de pessoas recuperaram a visão graças à Operação Milagre. Importantes avanços se registraram também em matéria de reforma agrária, com cerca de meio milhão de hectares transferidos às mãos dos camponeses, e na anunciada recuperação das riquezas básicas (petróleo e gás), o que em seu momento provocou o nervosismo de seus vizinhos, especialmente o Brasil, mais preocupado em garantir a rentabilidade da Petrobrás que em cooperar com o projeto político de Evo. Por último, o cuidadoso manejo da macroeconomia permitiu à Bolívia, pela primeira vez em sua história, contar com importantes reservas estimadas em 10 bilhões de dólares e uma situação de bonança fiscal que, unida à colaboração da Venezuela nos marcos da ALBA, permitiu a Morales realizar inúmeras obras de infra-estrutura nos municípios e financiar sua ambiciosa agenda social.
É claro que sobram muitas contas pendentes e nem todos os feitos estão acima das críticas. Em uma matéria recente, Pablo Stefanoni, editor de Le Monde Diplomatique na Bolívia, advertia a instável convivência entre "um discurso eco-comunitarista nos foros internacionais e premissas desenvolvimentistas sem muitos matizes no âmbito interno". Ainda que a tensão exista, é preciso reconhecer que a vocação eco-comunitarista de Evo Morales supera com louvor seus pares nos foros internacionais: seu compromisso com a Mão Terra, a Pachamama, e os povos originários é sincero e efetivo, marcando época na história de Nossa América.
Por suposto, o extrativismo de seu padrão de desenvolvimento é inegável, mas ao mesmo tempo inevitável, dadas as características brutalmente predatórias que a acumulação capitalista assumiu na Bolívia. Pensar que da noite para o dia o governo popular poderia sustentar um modelo de desenvolvimento alternativo, deixando de lado a exploração de imensas riquezas minerais e energéticas deste país, é completamente irreal. A Bolívia não tem a seu alcance, ao menos agora, uma opção como em certo momento tiveram Irlanda ou Finlândia. Mas seria injusto desconhecer que a orientação de seu modelo econômico e seu forte conteúdo distributivista a separam claramente de outras experiências em marcha no Cone Sul. Sem falar da declarada intenção de Evo em avançar na vagarosa – e por isso mesmo lenta e eriçada de perseguições – construção de um renovado socialismo, algo que não tem nada a ver com o nebuloso ‘capitalismo andino-amazônico’ que alguns persistem em apresentar como uma, tão inexorável como inverossímil, ante-sala do socialismo.
Todas essas conquistas, somadas à sua absoluta integridade pessoal e uma espartana cotidianidade (que contrasta muito favoravelmente com as vultosas fortunas ou elevados padrões de consumo que exibem outros líderes e políticos ‘progressistas’ da região), fizeram de Evo um líder dotado de formidável carisma pessoal, que lhe permite golear qualquer rival que se atreva a desafiá-lo na arena eleitoral. Mas, além do mais, sua permanente preocupação em conscientizar, mobilizar, organizar sua base social – colocando de lado os desprestigiados aparatos burocráticos que, assim como no Brasil, Argentina e Chile, não mobilizam nem conscientizam ninguém – não só satisfaz a inadiável necessidade de construir uma subjetividade apropriada para as lutas pelo socialismo como, ao mesmo tempo, se constitui uma carta decisiva na hora de prevalecer na arena eleitoral.
As forças da atribulada ‘centro-esquerda’ do Cone Sul, que prenunciam um futuro político pouco promissor tendo em conta o crescimento da direita alimentada pelo seu resignado possibilismo, fariam bem em tomar nota da luminosa lição que oferece o triunfo de Evo nas eleições de domingo passado.
Uma lição que demonstra que, diante do perigo da restauração do domínio da direita, a única alternativa possível é a radicalização dos processos de transformação em curso. Derrotada no terreno eleitoral, a direita redobrará sua ofensiva nos múltiplos cenários da luta de classes. Seria suicida supor que se curvará sem provocar batalhas ante um revés eleitoral. Tomara que também se aprenda essa lição.
*Versão ampliada de artigo produzido no dia 6 de dezembro no diário Página 12.
Atilio A. Boron é diretor do PLED, Programa Latinoamericano de Educación a Distancia em Ciências Sociais, Buenos Aires, Argentina.
Website: http://www.atilioboron.com/
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
NATO interessada em cooperar com Moscovo, parte 2
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
domingo, 13 de dezembro de 2009
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
José Eduardo dos Santos quer combater a corrupção? ih ih ih ih ih
É a trágico-comédia da política angolana em mais uma versão.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
Notas sobre a luta dos professores
"
Bom...
vamos por partes...
1) tivemos a Maria de Lurdes, o Valter Lemos, o Pedreira.... e o Sócrates... ora, isso tudo foi-se?
Não... aliás o líder é o mesmo, ou seja, não vamos esperar milagres, ok?
2) No parlamento há uma nova realidade- governo perdeu maioria. O acordo PS / PSD nesta materia penso (eu, JP) que foi, em parte, positivo porque permitiu ter a garantia que o "actual" tempo de serviço, destes 2 últimos anos é contado direitinho. Tudo o resto interessa zero!
3) As negociações que estão a decorrer são sempre à 4ª feira e vai estar em cima da mesa o estatuto e a avaliação, bem como a formação e outros assuntos.
4) Até ao momento temos duas propostas do ME, sendo que ambas são ainda declarações de intenções, ainda longe do articulado legal
- Estatuto / Carreira (pdf)
- Avaliação (pdf)
5) Sugiro que leiam os documentos - são breves e permitem perceber melhor o que o ME pensa.
6) Nós, FENPROF, também temos uma proposta:
7) Em síntese, o ME acaba com a carreira dividida em categorias, acaba com o nome titular, mas quer criar 3 barreiras com quotas e vagas - 3º, 5º e 7º escalões.
A carreira, antes de 26 anos até ao topo, passa a ser de 35 anos, dividida em escalões de 4 anos. Aqui, claro, ficamos a perder e muito!
Diria que a postura negocial é outra, mas a proposta é pior. O fim dos titulares é uma medida positiva, as vagas e as quotas nem pensar.
8) Quanto a avaliação, temos um sistema de formação + tempo de serviço + objectivos de escola.
Quando chegar o momento de concorrer ao 3º 5º ou 7º teremos que ter aulas assistidas.
Vamos todos continuar atentos, comecem a ver na agenda um dia para voltar a encher Lisboa... porque isto vai ser duro... Para terem uma ideia, andei a ver uns números. Há 32 mil profs à porta do "novo" terceiro escalão. O maior salto salarial é do 6º para o 7º.... percebem agora porque é que eles querem aí as vagas? Para poupar, pois claro.
Mas... um professor custa ao longo da carreira de 40 anos 1 milhão e trezentos mil contos... isso, no meio de qualquer sucata, de qualquer BPP ou BPN ou... Mota-Engil, ou... são trocos...
Mas, a argumentação vai ser por aqui: os professores custam muito dinheiro e estamos em tempo de crise...
Nota final: e o que fazer nas escolas onde tem que se entregar objectivos "agora"?
NADA - só a burrice de alguém pode pensar que pode exigir a entrega de objectivos para um processo que sabe, está MORTO e enterrado...
sugiro a leitura do ponto 4 da proposta do ME a quem tiver dúvidas:
Se o Director continuar a insistir e na impossibilidade de o colocar no canto da sala, reafirmo: não entregues porque nada irá acontecer. Se isto era verdade há um ano, muito mais é agora!
Paulo Silva
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Mais 30.000 para o atoleiro do Afeganistão
Obama vai mandar mais 30.000 soldados para o Afeganistão. Afinal depois de seis anos de guerra contra os talibans só fez nascer mais talibans. Afinal seis anos de luta contra a corrupção só fizeram pôr no governo o corrupto maior. Afinal seis anos de luta contra a produção de droga só fizeram aumentar ainda mais a respectiva produção…
Mas que grande incompetência !!!
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Suspirai, finalmente o Tratado de Lisboa
Finalmente.
Cerca de cinco anos, que canseira (!!!), depois entra hoje em vigor o Tratado de Lisboa. Depois de inúmeros ziguezagues para retirar os povos do direito de opinar, depois de impedir referendos nuns países e obrigar a realizá-los noutros até que dessem voto sim, depois de revisões constitucionais para permitir referendos que nunca se realizaram, depois de imensas promessas e chantagens aos povos…
Cinco anos depois o povo continua sem conhecer o Tratado.
Eis a burguesia europeia no seu melhor. Eis os que tudo fizeram para impedir a democracia mesmo a mais elementar, a burguesa; eis o que atrelaram a Europa à NATO e nos consagraram o direito a procurar emprego – não o direito ao emprego…
Perante um poder europeu a esquerda faz bem em apresentar uma alternativa europeia de poder anti-capitalista. Que não haja dúvidas e acabe a cegueira dogmática: a contradição entre o Estado nacional e o imperialismo não é a contradição principal – a contradição fundamental é cada vez mais entre o trabalho e o capital. O nacionalismo só alimenta o conservadorismo – em França alimentou o Le Pen. A esquerda e os comunistas em particular têm uma outra referência: o internacionalismo!
A cantiga é uma arma
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Minas anti-pessoais: Nobel da Paz segue Bush
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
sábado, 7 de novembro de 2009
Um novo símbolo para as próximas autárquicas
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
" Dia 10 de Novembro, das 18h00 às 20h00, debate na Faculdade de Letras de Lisboa (Anfiteatro 3) sobre a obra "Materialismo e empiriocritismo", de Lenine, editada em 1909. Entrada livre. Participarão os professores José Croca e Eduardo Chitas, respectivamente da Faculdade de Ciências e da Faculdade de Letras da Universidade Lisboa. O moderador será José Barata-Moura, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. "
saiba mais em resistir.info
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
“Lulocapitalismo”
"O melhor feitor é o ex-escravo". Essa máxima, nascida nas trevas da opressão escravocrata, conserva até hoje o seu conteúdo terrível. A permanência de seu prazo de validade pode ser observada em distintas eras e situações. Na vasta literatura sobre os tribunais do Santo Ofício, por exemplo, os "cristãos novos" se destacavam na linha de frente entre os inquisidores mais eficientes e cruéis.
A razão que confere substância para tão trevosa sabedoria é simples. O convertido sempre trabalha dobrado pela causa que passa a adotar. Atua com desassombro, pois conhece as secretas debilidades, as inseguranças e os grandes receios do lugar de onde saiu. Por outro lado, precisa mostrar serviço e provar lealdade aos donos do pedaço onde passa a atuar de maneira resoluta e deslumbrada. São elementos que explicam a extraordinária eficácia do convertido e, ao mesmo tempo, o lugar da cooptação na mecânica de reprodução do poder e na "circulação" das elites dominantes.
O professor Delfim Neto, figura que dispensa apresentações, produziu, em entrevista de página inteira no caderno de Economia de "O Globo" (domingo, 20/9), um rasgado elogio ao presidente Lula que, sem sombra de dúvidas, se situa no contexto das reflexões dos parágrafos acima. Ele afirma, com todas as letras estampadas na manchete que define o ponto central da entrevista, que "o Lula mudou o país de forma a salvar o capitalismo". Não se observa na frase, tampouco no seu entorno, qualquer sinal de deslocamento irônico ou sarcasmo, recursos habituais no arsenal do autor. Pelo contrário, há até um tom solene no elogio, que parece vazado nas tintas da sinceridade.
No entanto, o entusiasmo do Delfim com o "lulismo" adquire na entrevista um significado preciso. Perguntado se veria contradição em um governo eleito com as bandeiras da esquerda, que até se dizia socialista, salvar o capitalismo, responde de maneira categórica: "a última coisa que este governo fez foi opor-se ao capitalismo. E muito menos ser marxista, ou outra coisa". Ao responder sobre a relação entre as críticas que o PT lhe fizera no passado e sua atual condição de conselheiro do Lula, ele recupera o seu habitual irônico e mordaz para tripudiar: "basta olhar os meus trabalhos desde 1954, quando saí da escola: não mudaram muito. Mas a esquerda mudou. Ela demora, mas aprende".
Ao criticar a "mitologia do mercado perfeito" e dizer que "não há mercado sem Estado forte, justamente para garantir o seu funcionamento", ele sugere uma roupagem nova, distinta da estreiteza do neoliberalismo puro e duro, para garantir a reprodução dos interesses dominantes. Apóia com entusiasmo as propostas gestadas nos laboratórios do governo para o enfrentamento da crise atual, talvez por identificar nelas fortes afinidades com a restauração conservadora conduzida por ele próprio ao tempo da ditadura militar. Sempre sagaz, ele não diz isso diretamente, mas o observador atento pode deduzir. Basta observar o noticiário fragmentado sobre a inusitada movimentação no "andar de cima" da sociedade brasileira.
Fusões gigantescas, incorporações abruptas, mega-negócios, reconfigurações as mais variadas, tipo Itaú/Nacional, Perdigão/Sadia, Oi/Telemar, Friboi e tantos outros, são elementos de um processo violento que está em curso. O coral dos contentes insiste em apontar para a "marolinha" na superfície, mas se observa um abalo tectônico nas camadas profundas: uma mudança vertiginosa na morfologia do capitalismo brasileiro.
Em cada passo desta trajetória ainda subterrânea, o dedo do Estado como sócio do capital monopolista está presente. Manipulando normas, alterando legislações e direitos que possam restringir a liberdade dos capitais, financiando via BNDES, operando via fundos de pensão.
Além de outras, essas são algumas das razões do entusiasmo de Delfim Neto com o "lulocapitalismo"
Léo Lince é sociólogo
Artigo do Correio da Cidadania