terça-feira, 18 de dezembro de 2007
O aumento do salário mínimo esconde a diminuição do médio
O acordo do salário mínimo, agora alcançado, sendo positivo é insuficiente, está muito afastado da nossa vizinha Espanha. Este aumento não é uma dávida de Sócrates, vem dos protestos dos trabalhadores e é sequela de anos e anos de políticas PSD/CDS/PS de atraso do salário mínimo para beneficiar a burguesia mais retrógrada. Recorde-se que 19% dos pobres, em Portugal, são trabalhadores que apesar de terem salário ele é tão baixo que não lhes permite sair de uma situação de pobreza social e económica.
Mas atenção, este acordo é uma capa que o governo usa para esconder o seu objectivo: a diminuição do salário médio – que é onde se situa a maioria dos trabalhadores.
O salário médio tem vindo continuadamente a diminuir fruto da subcontratação, da precariedade, do desemprego e da introdução das empresas de trabalho temporário.
Note-se que a redução da despesa pública com pessoal que o governo prevê fazer entre 2006 e 2007 é a maior desde 2000 nos doze países da zona euro, com excepção da Áustria… e é mesmo o país que mais corta a fundo nos salários do Estado.
Quanto à concertação social: esta está a servir como ferramenta de admoestação do trabalho e afastando a participação da classe. Está ainda a servir como ferramenta de toma de iniciativa política e até legislativa para retirar protagonismo à esquerda no parlamento. Além disso o governo tenta aparecer como moderado e consensual.
Depois de anos e anos de imposição de salário mínimo miserável este aumento pode ser, mediaticamente para o governo, ter “sol na eira e chuva no nabal”.
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