sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O padrão de vida do trabalhador brasileiro

Escrito por Waldemar Rossi 24-Set-2008 aqui

Os meios de comunicação vêm afirmando que o padrão de vida do povo brasileiro tem melhorado nos últimos anos. E os defensores do modelo governista usam isso para defender o governo Lula dos que se opõem às suas diretrizes políticas. Seria verdadeira essa afirmação de que há melhor padrão de vida para o povo? A inclusão no mercado de trabalho de uma parcela que esteve desempregada anos atrás é um indicativo dessa melhora? Pois é isso principalmente que se afirma por aí.

Entretanto, segundo os dados fornecidos pela Pesquisa Nacional de Amostras de Domicílios (PNDA), o salário-mínimo (SM) tem sido o teto do ganho para mais de 25 milhões de trabalhadores brasileiros, o que implica em que muitos desses 25 milhões (27,55% dos que são considerados em idade de trabalho - PEA) ganham menos que esse mínimo. Porém, em 2001 eram 18 milhões os que estavam dentro desse limite.

Portanto, muito mais trabalhadores entraram na rede dos sub-assalariados. Isso se pudéssemos considerar o atual mínimo como o salário que satisfaz as necessidades básicas de uma família padrão (casal e dois filhos menores), como estabelecido por lei.

Avançando na análise dos dados, vemos que há uma outra parcela que está um pouquinho melhor que a primeira. São os que ganham até 2 mínimos. Em 2001 eram cerca de 16,6 milhões. Hoje são praticamente 28 milhões (30,8% do PEA). Aqui também houve crescimento do número dos que entraram nesta faixa um pouco menos ruim que a primeira.

Outro dado a ser considerado é que cerca de 8% apenas têm rendimento entre 2 e 3 mínimos, isto é, até no máximo R$ 1.245,00. Há, ainda, pelo menos 9,4 milhões que declararam não ter rendimento algum.

Como contradição, a pesquisa revela que são apenas 750 mil cidadãos que têm ganho superior a 20 mínimos, portanto, acima de R$ 7.600,00 mensais.

Somando todos esses dados fornecidos, chegamos à conclusão de que mais de 72% dos trabalhadores brasileiros têm rendimentos baixos, insuficientes, portanto, para a manutenção de uma família padrão e em conformidade com os direitos básicos universalmente reconhecidos e recomendados. Para que o leitor possa ter idéia do que isso significa, devemos retomar as informações do DIEESE de que o salário mínimo, de acordo com a lei em vigor, deveria ser algo em torno de R$ 1.950,00.

Os dados da PNAD não revelam se esses que migraram de uma faixa para a outra tiveram melhoria de vida ou se seus salários foram rebaixados, jogando-os para as faixas menos favorecidas. Pelo que significam numericamente, tudo leva a crer que migraram para baixo, pois a rotatividade da mão-de-obra das últimas três décadas tem sido altíssima e, segundo todas as pesquisas, a cada novo emprego o trabalhador tem que amargar com um novo rebaixamento do seu ganho mensal.

Já dizia um "presidente" militar dos tempos da ditadura: "O Brasil vai bem. O povo vai mal." O Brasil capitalista vem crescendo, ainda que em índices inferiores ao necessário. Mas a renda socialmente produzida não é compartilhada. Vai para as mãos dos banqueiros e demais empresários nacionais e internacionais, ou para as mãos dos latifundiários exportadores, desses que exploram seus funcionários até com trabalho escravo. O que muitos não querem ver é que o padrão de vida do povo vai sendo progressivamente nivelado por baixo, até que sejamos todos párias nessa sociedade excludente e marcada pela barbárie praticada pelos poderosos, todos comandados pelo neoliberalismo internacional.

Waldemar Rossi é metalúrgico aposentado e coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo.

sábado, 20 de setembro de 2008

Os encarregados

Os encarregados desempenham nas empresas, várias vezes, o trabalho mais "sujo". São eles que andam em cima da malta, concretizam perseguições e acicatam ódios; às vezes chamamos-lhes lacaios.
Na política também há encarregados. Os encarregados do patronato mais reaccionário estão agora no governo. Eles viraram toda a casaca, eles disseram todo o dito por não dito, eles perderam toda a vergonha. Eles fizeram o trabalho mais "sujo" do patronato. Em consciência, duramente. O patronato agradeceu.
A nós só nos compete puxar pela informação e pela luta. É isso a que a esquerda se pode agora propôr. Contra os lacaios.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Brasil - vigília contra privatização do petróleo


No Brasil os trabalhadores petroleiros iniciaram uma vigília contra a privatização do petróleo (leia aqui). Ora Aldo Rebelo, dirigente destacado do PCdoB é precisamente o presidente da Agência que gere o assunto. O site Vermelho tem aqui uma opinião, mas a gente gostava de ler coisa melhor. A ver vamos.

A parvoice aprovada em Lisboa


Aprovado com o voto de qualidade de António Costa e os votos contra de Sá Fernandes, PCP, 2 vereadores do Lisboa com Carmona e Cidadãos por Lisboa. Leia mais aqui.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O PS e a Geórgia

O ministro dos negócios estrangeiros disse que o governo vai enviar três polícias para uma força europeia de 200 observadores a destacar para a Geórgia. Ainda não se percebeu bem para fazer o quê.
Mas é interessante ver o entalanço do PS. O PS quer agradar aos seus amigos imperialistas mas não pode alinhar em posições descabidas anti-Rússia devido à dependência energética de parte significativa da Europa para com a Rússia.
Já se imaginou que se o agravamento das relações com a Rússia levassem esta ao corte de energia ao norte europeu o que isso afectaria a economia, incluindo as exportações portuguesas?
O entalanço levou o PS a não reconhecer as novas repúblicas da Ossétia e da Abkázia - condenando as declarações de independência - mas a também a não reconhecer o Kosovo (Zapatero terá pedido a Sócrates?) mas aí não teve coragem de condenar.
Mas pronto, lá vamos ter 3 polícias na Geórgia para se ver que Portugal é um país muito importante. PIM!

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

A polémica congelamento salários em Espanha

Um artigo de Manuel Mera, dirigente da CIG, retirado do portal galego GZNacion
"A decisión de conxelar os salarios dos altos cargos da administración e dos deputados é unha medida que semella positiva neste contexto de crise económica e, seguramente, menores ingresos pras arcas públicas. Aínda que representan moi pouco nos orzamentos autonómicos. Ten máis de simbolismo que de efecto real. E, mesmo se se quere, de recoñecer que os actuais son salarios excesivos, que sumados a outros importantes privilexios despois de exercer o cargo, afondan un trato social desigual e afortalan elites. Evidentemente hai quen merece máis ou menos estes salarios e as outras milloras anexas.Agora ben, chéirame que a pretensión real desta conxelación sexa servir como mal exemplo, é dicir, pra que se acepte unha situación semellante por parte da clase traballadora na negociación colectiva do vindeiro ano (e mentres duren os números vermellos). Digo isto, porque esta mensaxe vense inserindo na sociedade de vagar porén con teimosía por parte da patronal, do Governo central, e mesmo aceptase con matices, moi mediaticos e dirixidos á base, por CC.OO e UGT (despois de todo seria continuar co que xa fixeron cos pactos estatais de negociación colectiva nos últimos anos). A menos que, estexa trabucado, e o que se busca en verdade é que os empresarios, executivos e profesionais, moderen os seus ingresos, que nas últimas décadas aumentaron dun xeito vertixinoso, xerando unha gran estratificación social e un sector amplo cun modo de vida nunca visto (segunda casa, importantes investimentos en Bolsa, iate, varios coches de gama alta, empregada do fogar inmigrante, etc.).Hoxe os salarios só representan aproximadamente un 50% do PIB, malia que os asalariados e asalariadas son o 76,4% da povoación ocupada, e que medrou a xornada laboral e os ritmos de traballo. En 1981 os salarios recibían un 62% da renda nacional galega e os asalariados eran só un 47,25% dos ocupados (informe do Banco Bilbao. Así se entende que un 65% das familias galegas teñan problemas pra chegar a fin de mes e non aforren ren. Pretender que estes sectores (asalariados, mais tamén autónomos e pensionistas) paguen os custes da burbulla inmobiliaria e da especulación financeira, despois de ter sufrido as consecuencias máis negativas da globalización neoliberal, é perverso, indecente, inxusto, e ademais sacraliza un modelo que acentúa a desigualdade social (e territorial). A clase traballadora, cando menos a súa gran maioría, non pode facer máis austeridades das que xa realiza!!!. Non se pode aceptar a conxelación dos salarios, ou das pensións, e moito menos que non se potencien os servizos sociais básicos ou as prestacións públicas esenciais, nun intre con tantos atrancos pra miles de familias da clase traballadora. As medidas que ate hoxe se tomaron polo Governo central (algunhas delas progresistas) no seu conxunto son regresivas, favorecen ás clases dominantes, tal como reflicten os dados estatísticos, xa que os salarios aumentan un 5,5% fronte a un 9,9% que o fan os beneficios empresariais (taxa inter-anual ao mes de xuño). Tratase do menor aumento salarial nos últimos anos, mentres que os beneficios empresariais mantéñense nos topes máis altos. Hai que matizar esta afirmación, xa que non todos os empresarios recollen por igual estes beneficios. As grandes corporacións axustan os custes premendo ás pequenas e medianas empresas que lles fornecen, transferíndolles deste xeito a maior parte das consecuencias da crise, cun resultado non só negativo en rendibilidade senón que en moitos casos provocando o peche definitivo. A gran concentración do capital nas últimas décadas non se debeu exclusivamente a unha tendencia natural do mercado, contribuíu tamén en boa medida a xenerosidade de todo tipo de achegas por parte das administracións públicas especialmente coas grandes empresas (ás contratacións e formación –nunha etapa de expansión-, ás exportacións, en infraestructuras, pra anovación tecnolóxica, adxudicación de obras e servizos, etc.).Manter o poder adquisitivo dos salarios (especialmente os máis baixos), así como o das pensións e dos ingresos dos autónomos (fontaneiros, pesca, agro, etc.) non só é unha medida de redistribución da riqueza, senón de xustiza social, que ademais evita que caia o consumo dos bens básicos, aqueles que se producen esencialmente no país, e mingua o consumo daqueles que son suntuarios, que normalmente se importan, ou sexa: que mantén e xera emprego. Tampouco é aceptábel, moito menos nesta conxuntura, que se sigan potenciando os grandes grupos empresariais por medio de todo tipo de subvencións e exencións impositivas. Eses medios deben servir pra potenciar os servizos públicos e a proteción social (é urxente un salario de inserción laboral, indefinido, con formación e traballo comunitario -haino na maioría dos estados da Unión Europea-). Por suposto é esencial afortalar a actividade productiva, os servizos, a anovación tecnolóxica, o aforro enerxético, e sobre todo preparar infraestructura e actividade económica pra un mundo con escaseza de materias primas e enerxía de orixe fósil. Lembremos ademais que os salarios reais perderon poder adquisitivo por mor de moitos mecanismos paralelos. Por exemplo, co aumento dos impostos indirectos a costa de rebaixar os directos (sempre en beneficio dos máis ricos). En concreto: reducindo as cotizacións empresariais nos custes brutos dos salarios, mediante exencións fiscais que sobre todo favoreceron ás grandes fortunas, mesmo utilizando o argumento da rebaixa xeral ( reforma IRPF, patrimonio, etc.). Por último, non é valido o argumento de que a moderación salarial é necesaria pra manter a competitividade das empresas, e polo tanto o emprego. Os custes salariais son na nosa nación, Galiza, e no conxunto do Estado, moito máis baixos que os dos países da Unión Europea, e aínda así aqueles son máis ricos e con menor taxa de desemprego (na UE os salarios representaban no 2006 como media un 64% do PIB; os custes laborais na industria durante o ano 2007 foron de 35,9 euros hora en Bélxica, 33 euros en Alemaña, 19,6 no Estado español, e 9,2 en Portugal; na Galiza son un 20% inferior á media do Estado español). Tampouco serve a comparación co leste da UE, que sae de fundas mudanzas políticas, sociais e de carencias en tecnoloxía e infraestruturas, e ademais os salarios están a aumentar moi rapidamente (en Chequia é de 7,4 euros hora e en Romanía de 3,2 euros). Compre engadir ao anterior, que o petróleo e as materias primas aumentaron igual pra todos os estados que integran a Unión Europea, se a inflación é maior no Estado español é pola cobiza dos empresarios, o pouco investimento en investigación e tecnoloxía, a exportación de capitais e os excesivos gastos suntuarios. A perda do poder adquisitivo real dos salarios nos últimos anos non milloraron a competitividade, e en troques mantivéronse as tendencias dominantes, a concentrar e centralizar o capital, medrando como nunca as desigualdades de clase e entre territorios. Neste contexto, e en todo momento, hai que realizar gastos moi calculados, necesarios e que se sosteñan no tempo, e feitos na perspectiva do novo escenario económico e político global (por exemplo da multipolaridade no político que se inicia, e dos cambios económicos que insiren as potencias emerxentes). Compre ademais unha correción despois dos excesos, porén deben facela ante todo os que se beneficiaron da globalización neoliberal, e despois as clases medias acomodadas (sexa por ingresos profesionais, rendas, salarios ou pensións), nunca a maioría social que non aforra ren ao ano e chega a duras penas a final de mes. Pedir austeridade cando os beneficios empresariais dobran os aumentos salariais é aldraxante, ofensivo pra clase traballadora e negativo pra Galiza como nación."
Manuel Mera (07-09-2008)

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Lula e a despolitização da política

Publicado no site da Fundação Lauro Campos
"(...) Na medida em que se institucionalizou excessivamente, o PT enfrenta problemas para vincular-se com fenômenos como Chiapas ou os sem-terra. O partido acaba muitas vezes preso a um calendário eleitoral e a modalidades institucionais de fazer política que limitam muito a capacidade de criação estratégica inovadora de sua parte.(...) diria que a questão da moralidade (ou imoralidade) do neoliberalismo é um assunto que devemos considerar seriamente. Quando o governo brasileiro usa bilhões de dólares para apoiar bancos e nada para garantir o direito ao emprego, a universalização da saúde e da educação, estamos diante de uma lógica brutalmente cruel. Tudo pode ser fechado no país: uma escola, um hospital, uma empresa industrial. Mas se um banco se fecha, seu teto cai sobre a cabeça de todo o povo".
Bela reflexão sobre o governo Lula, não é verdade? Precisa, sintética, objetiva e atual, como só um pensador marxista, com perspectiva revolucionária, poderia elaborar.Pois opera em ledo equívoco quem assim concluir.O texto reproduzido na abertura da página se referia – para confirmar a semelhança entre os dois – ao governo Fernando Henrique Cardoso. Foi publicado em 1999, num dos mais importantes capítulos do Pós-neoliberalismo II, excelente livro editado pela Vozes, com ensaios assinados por alguns dos mais expressivos cientistas políticos da América Latina. Trata-se da participação, em um debate final, gravado, do sociólogo Emir Sader, organizador da coletânea, com outros autores presentes na obra. Emir, isto não é mistério, era então um dos mais ardorosos defensores dos segmentos combativos do PT que, nos embates internos, já contestavam a guinada ideológica dos setores mais próximos a Lula e a Zé Dirceu, rumo aos acordos com o grande capital nacional e internacional. Ou seja; os setores ligados à Articulação e às correntes moderadas que com ela se associavam no chamado "campo majoritário", na busca de "pontos positivos" que fundassem uma "oposição propositiva" à contra-reforma, política, econômica e social, imposta pelo governo FHC.E por que o retomamos aqui? Para mais um registro da rendição absoluta do governo Lula ao neoliberalismo mais escrachado; agora reforçado pela total submissão aos caprichos dos que se incomodam com a ação da Polícia Federal quando ela se volta para os corruptos do colarinho branco? Seria perda de tempo, pela repetição do óbvio. Retomamos aqui para constatar uma das conseqüências trágicas do governo Lula naquilo que diz respeito à cooptação até mesmo de cabeças consolidadas na formulação mais avançada dos necessários processos de mobilização social que o país vê desaparecerem de forma acelerada. Mobilizações crescentemente entorpecidas pela despolitização da política, que avança célere na adesão ao mais rasteiro pragmatismo assistencialista. Retomamos para constatar o quanto de avanço nas lutas e conquistas por uma sociedade mais justa e democrática foi jogado na lata do lixo da história por conta da rendição de setores e personalidades ao mais cômodo oportunismo conjuntural. Porque, a despeito de toda a adesão do governo Lula ao neoliberalismo – agora reiterada no absurdo anúncio de privatização do Aeroporto do Galeão (entrando numa área estratégica que nem FHC ousou tocar) –, Emir Sader é apenas um exemplo de um time de intelectuais paulistas de tradição até sectária, na visão esquerdista que sempre tiveram da política, que optou por dar aval político e apoio atuante aos destrambelhos do governo Lula.Tal perverso processo tem possibilidade de ser barrado? Difícil imaginar, quando se verifica a crescente hegemonia dos interesses do grande capital nas principais estâncias do aparelho do Estado. Está aí Nelson Jobim, hoje ministro da Defesa, fazendo parceria com o atual presidente do Supremo, Gilmar Mendes, no ataque às instituições públicas que passaram a centrar fogo nos criminosos de colarinho branco. E quem são os dois, apenas para relembrar passado recente de suas biografias? Nelson Jobim, tucano emplumado que, quando ministro do STF, usou do recurso do pedido de vista para colocar na geladeira, por vários anos, o processo que obrigava os bancos a se submeterem ao Código de Defesa do Consumidor. Processo decidido contra os interesses da grande banca, tão logo conseguiu chegar à deliberação do Pleno. Quanto a Gilmar Mendes, quem vai esquecer seu papel de Advogado Geral da União no tempo do governo FHC, aquele que foi flagrado no empenho de entregar a Daniel Dantas o controle absoluto das telecomunicações privatizadas?Não pode haver dúvidas. Na despolitização da política, Luis Inácio Lula da Silva conseguiu se transformar num defensor mais eficaz dos interesses predatórios dos grandes capitais especulativos do que o foi o seu antecessor, durante o mandarinato tucano-pmdb-pefelista que nos assolou por oito trágicos anos.
Milton Temer é jornalista e presidente da Fundação Lauro Campos.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Sr. Presidente, vá-se foder!

Recebido por e-mail
"Não sei se é desespero ou ignorância. Pode ser pelo convívio com as más companhias, mas eu, com todo o respeito que a "Instituição" Presidente da República merece, digo ao senhor Luis Inácio que vá se foder. Quem é ele para dizer, pela segunda vez, que tem mais moral e ética "que qualquer um aqui neste país"? Tomou algumas doses a mais do que o habitual, presidente?
Esta semana eu conheci Seu Genésio, funcionário de um órgão público que tem infinitamente mais moral que o senhor, Luis Inácio.
Assim como o senhor, Seu Genésio é de origem humilde, só estudou o primeiro grau e sua esposa foi babá. Uma biografia muito parecida com a sua, com uma diferença, a integridade. Ao terminar um trabalho que lhe encomendei, perguntei a ele quanto eu o devia. Ele olhou nos meus olhos e disse:
- Olha doutora, esse é o meu trabalho. Eu ganho para fazer isso. Se eu cobrar alguma coisa da senhora eu vou estar subornando. Vou sentir como se estivesse recebendo o mensalão.
Está vendo senhor presidente, isso é integridade, moral, ética, princípios coesos. Não admito que o senhor desmereça o povo humilde e trabalhador com seu discurso ébrio.
Seu Genésio, com a mesma dificuldade da maioria do povo brasileiro, criou seus filhos. E aposto que ele acharia estranho se um dos quatro passassem a ostentar um patrimônio exorbitante, porque apesar tê-los feito estudar, ele tem consciência das dificuldades de se vencer. No entanto, Lula, seu filho recebeu mais de US$ 2.000.000,00 (dois milhões de dólares) de uma empresa de telefonia, a Telemar. E isso, apenas por ser seu filho, presidente! Apenas por isso e o senhor achou normal. Não é corrupção passiva? Isso é corrupção Luis Inácio! Não é ético nem moral! É imoral!
E o senhor acha isso normal? Presidente, sempre procurei criar os meus filhos dentro dos mesmos princípios éticos e morais com que fui criada. Sempre procurei passar para eles o sentido de cidadania e de respeito aos outros. Não posso admitir que o senhor, que deveria ser o exemplo de tudo isso por ser o representante máximo do Brasil, venha deturpar a educação que dou a eles. Como posso olhar nos olhos dos meus filhos e garantir que o trabalho compensa, que a vida íntegra é o caminho certo, cobrar o respeito às instituições, quando o Presidente da República está se embriagando da corrupção do seu governo e acha isso normal, ético e moral?
Desafio o senhor a provar que tem mais moral e ética que eu!
Quem sabe "vossa excelência" tenha perdido a noção do que seja ética e moralidade ao conviver com indivíduos inescrupulosos, como o gangster José Dirceu (seu ex-capitão), e outros companheiros de partido, não menos gangsteres, como Delúbio, Sílvio Pereira, Genoíno, entre outros.
Lula, eu acredito que o senhor não saiba nem o que seja honestidade, uma prova disso foi o episódio da carteira achada no aeroporto de Brasília. Alguém se lembra? Era início de 2004, Waldomiro Diniz estava em todas as manchetes de jornal quando Francisco Basílio Cavalcante, um faxineiro do aeroporto de Brasília, encontrou uma carteira contendo US$ 10 mil e devolveu ao dono, um turista suíço. Basílio foi recebido por esse senhor aí, que se tornou presidente da república. Na ocasião, Lula disse em rede nacional, que se alguém achasse uma carteira com dinheiro e ficasse com ela, não seria ato de desonestidade, afinal de contas, o dinheiro não tinha dono. Essa é a máxima de Lula: achado não é roubado.
O turista suíço quis recompensar o Seu Basílio lhe pagando uma dívida de energia elétrica de míseros 28 reais, mas as regras da Infraero, onde ele trabalha, não permitem que funcionários recebam presentes. E olha que a recompensa não chegava nem perto do valor da Land Rover que seu amigo ganhou de um outro "amigo".
Basílio e Genésio são a cara do povo brasileiro. A cara que Lula tentou forjar que era possuidor, mas não é. Na verdade Lula tinha essa máscara, mas ela caiu. Não podemos suportar ver essa farsa de homem tripudiar em cima na pureza do nosso povo. Lula não é a cara do brasileiro honesto, trabalhador e sofrido que representa a maioria. Um homem que para levar vantagem aceita se aliar a qualquer um e é benevolente com os que cometem crimes para benefício dele ou de seu grupo e ainda acha tudo normal! Tenha paciência! "Fernandinho Beira-Mar", guardando as devidas proporções, também acha seus crimes normais.
Desculpe-me, 'presidente', mas suas lágrimas apenas maculam a honestidade e integridade do povo brasileiro, um povo sofrido que vem sendo enganado, espoliado, achacado e roubado há anos. E é por esse povo que eu me permito dizer: Presidente, vá se foder!
Adriana Vandoni Curvo"

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O artigo do Avante que analisa o BE

O artigo "Bloco de Esquerda, um neo-reformismo de fachada socialista" pretende fazer uma análise sobre o Bloco e o seu pensamento. Para tal recorre à citação de várias opiniões, de vários dos seus dirigentes; diga-se, em abono da verdade, várias vezes citadas de forma desenquadrada do seu contexto e com espaços temporais que chegam aos 19 anos. Será interessante equacionar alguns dos critérios dos marxistas para analisar um dado partido ou movimento político.
1. Nas lutas política concreta como se tem posicionado esse partido? Posiciona-se em combate ao capitalismo? Denúncia a exploração dos trabalhadores e coloca-se ao seu lado? Rejeita propostas legislativas atentatórias da democracia ou dos interesses de classe populares? Apresenta propostas positivas para os interesses sociais e os serviços públicos? Apresenta propostas de apoio aos trabalhadores? Ataca a especulação financeira e o grande capital? Rejeita a guerra e a política imperialista?
2. Como se posiciona quando os trabalhadores estão em luta? Apoia as reivindicações da classe? Junta-se aos protestos dos trabalhadores e dos sindicatos mais combativos? Dá a cara quando a classe é fustigada pelos despedimentos, pelo desemprego ou pela precariedade? Dá a cara em apoio aos lutadores sociais? A maioria dos seus activos sindicais posiciona-se em sindicatos mais à esquerda ou alinha em sindicatos colaboracionistas?
3. Os seus documentos políticos afirmam uma política de esquerda? A sua ideologia define-se em que pilares fundamentais? A sua linha apresenta-se em demarcação do regime capitalista? Os seus estatutos são democráticos? Onde se apresenta o fio condutor da sua linha política, no campo do anti-capitalismo ou no campo do colaboracionismo?
4. Onde está a sua base de apoio? Como é a sua composição orgânica? Como reage ela à luta social e política?
O autor do citado artigo não prestou atenção a nenhum dos critérios de classe que fazem uma análise minimamente marxista - fez um trabalho desqualificado.
Esse artigo poderia ter sido um fomentador de um debate político e ideológico elevado. A esquerda, para crescer, não precisa - mas acima de tudo não deve - centrar em si própria o centro do seu ataque. Mas deve fazer luta política, esta é uma coisa boa. Divergência é uma coisa boa.
Mas desqualificação vendida a jorros é uma inutilidade. Manuel Jara só conseguiu fazer uma demonstração de incompetência.
A classe trabalhadora tem desafios e respostas a encontrar. Sendo a classe cada vez mais heterogénea e plural é natural que as respostas não sejam imediatamente coincidentes. Que haja então uma elevação no debate político e ideológico.