quinta-feira, 13 de setembro de 2007

A confusão "comunista" e a Festa do Avante


(foto: http://pantanero.blogs.sapo.pt/)
A Festa do Avante é um acontecimento de elevado valor cultural. A ela confluem imensas pessoas independentemente do partido a que pertencem. Deve-se valorizar essa referência.
A festa é também um momento de debate, bem patente no programa deste ano.
Um dos debates mais aguardados foi o que juntou o Partido Comunista do Brasil, no poder com o governo Lula e o PT (também presente), o Partido Comunista da China e o Partido Comunista da Federação Russa. Poderia ter sido um grande debate em torno das questões mais inquietantes nomeadamente quanto à relação dos comunistas com o poder e os programas que rompam com o neoliberalismo e com a guerra imperialista. Mas isso não saiu.
Gostaríamos de ter ouvido de Altamiro Borges, um escritor sempre presente no portal Vermelho, outras palavras sobre a tese de “um governo em disputa” mas sempre legislando cada vez mais à direita que, como cá, faz coisas que nem o anterior foi capaz, que ataca os direitos sindicais e dos trabalhadores, que nega a sempre prometida reforma agrária; gostaríamos de ter ouvido de Altamiro outra informação sobre como se faz uma coligação, o Bloco de Esquerda, com partidos como o PDT que controlam centrais como a direitista Força Sindical ao mesmo tempo que se lança uma nova central sindical sem procurar união de forças do combate dos trabalhadores.
Gostaríamos de ter ouvido do representante chinês outras palavras sobre a democracia na China – a democracia para o povo – enquanto sobe exponencialmente a riqueza de uns poucos, a diferenciação de classes e uma brutal repressão sobre a classe operária… ou sobre o entrelaçamento da China com os EUA e as suas posições conciliadoras (para não dizer um adjectivo mais verdadeiro mais duro) com o belicismo e a guerra opressora.
Noutros lugares, gostaríamos de ter ouvido do representante do MPLA qualquer coisa sobre porque não há eleições em Angola, porque a família Dos Santos enriquece escandalosamente e escandalosamente faz intenção de mostrar a usurpação das riquezas e do esforço do povo angolano, submetido a dura fome, miséria e desemprego, expulso de suas casas (barracas) à frente da tropa de choque para que aí se instalem as novas urbanizações da florescente burguesia angolana.
Só se pode acabar como Sérgio Ribeiro começou o debate “Vivemos um tempo de enganos em que as palavras são úteis para iludir”.

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