segunda-feira, 7 de julho de 2008

A violência, os comunistas, as FARC ou a ETA


O recente resgate de Ingrid está a conduzir a uma imensa campanha anti-revolucionária. E com ela uma pergunta assalta as mentes lutadoras: qual a nossa atitude face à violência?
Há coisas simples: sem guerra de oposição ao nazismo não teria sido possível derrotá-lo, sem guerra de libertação de Timor não teria sido possível libertá-lo. Portanto, a luta armada pode ser muito necessária à libertação dos povos. Há quem diga ser ainda o caso do País Basco.
E quando esses povos adquiriram direito à sua nacionalidade e possuem o seu próprio Estado? Por vezes pode acontecer ser necessária a luta armada – pode até ser o caso da Colômbia.
Mas se há coisas que os lutadores necessitam identificar é saber quem bem quem são os seus inimigos. Os ocupantes, sim, a classe opressora, mais burguesa ou mais feudal, mais corrupta ou mais ditadora(…) mas os inimigos dos revolucionários entenda-se não se situam nas massas, nos pobres, nos que possuem posições baixas, ainda que intermédias na sociedade…
Daí que é difícil perceber que matar portageiros, cozinheiros, deputados municipais, pôr bombas em praias, aeroportos, vias públicas, atingindo directa ou indirectamente as massas seja qualquer coisa de revolucionário. Será, talvez sim, reaccionário, terrorista, fascista, porque fascista é a violência indiscriminada sobre as massas. A ETA já fez disso.
Também difícil será de compreender que ter como pilar o rapto generalizado para sustentar uma resistência política seja algo revolucionário. Usar seres humanos como escudos, mesmo numa guerra de guerrilha, é uma actividade terrorista. E esses métodos, sem ir mais longe têm que ser reprovados. E um mal não justifica outro. E só pode conduzir à destruição das capacidades de alianças sociais alargadas contra o inimigo.
O reganhar da esperança do comunismo e da revolução como projectos de futuro para a humanidade não será possível assente no apoio à violação dos direitos humanos. Esse é o jogo que a burguesia quer – como se está a ver nos telejornais de todo o lado. E isso está a ter efeitos muito nefastos nas mentes de muitos e muitos milhões de pessoas.
Os comunistas sabem que a violência pode ser precisa e adequada para, sempre com acção e apoio das massas, responder à luta de classes. Mas isso tem princípios.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tudo bem que a esquerda no Brasil procure o poder diplomaticamente na atualidade, mas que isso não seja confundido com conformismo muito menos com o enfraquecimento de um ideal. Importante lembrar também que exploração desenfreada gera reação, organizada ou não, a violência volta para a sociedade e suas reivindicações têm de ser respondidas com responsabilidade em sem preconceitos...

IDEAL COMUNISTA disse...

Olhando daqui de Portugal, o Brasil também tem esquerda diferenciada. E uma coisa é Lula no governo (tá sendo de esquerda?) e outra são oposições de esquerda que lutam, procuram juntar forças e apoiam movimentos sociais.
E também teve movimentos muito fortes simbolicamente como a Guerrilha do Araguaia.
Responder com violência à violência não pode ser negado, mas com princípios.