segunda-feira, 28 de julho de 2008

Os crimes de Uribe

"A elegia das execuções sumárias e extra judiciais que se percebe no texto do Sr. Ferreira Fernandes publicado no DN do passado dia 3 de Julho, com o esclarecedor título «Contas feitas, ainda bem que o mataram», referindo-se ao líder das FARC, trai as supostas razões humanitárias do seu autor. Na Colômbia, tragicamente, matar é um verbo que é conjugado exaustivamente; há quem, lamentavelmente, considere que está assim muito bem, mas também há quem não se habitue.Os narcotraficantes, as polícias, os militares e os paramilitares justificam todas as execuções extra judiciais da sua autoria dizendo que os executados eram «elementos da guerrilha», o que do ponto de vista dos executores é legitimação mais do que suficiente para os seus actos.O relatório divulgado pela Amnistia Internacional (AI) em 2007 informa que nesse ano aconteceram na Colômbia 280 execuções extra judiciais em que as vítimas, sendo sobretudo camponeses, foram apresentadas pelos militares como sendo «guerrilheiros mortos em combate». Diz a AI que as autoridades nem sequer se deram ao trabalho de investigar.O mesmo relatório informa que os grupos paramilitares continuam activos, apesar dos anúncios em sentido contrário que o presidente Uribe vai fazendo, e são-lhes imputados 230 assassinatos em 2007.Aos grupos paramilitares, relacionados com o narcotráfico, é também imputado o roubo de 4 milhões de hectares de terra pertencentes aos camponeses pobres. As vítimas procuram justiça nos tribunais, mas num ambiente em que mais de 40 legisladores, segundo o mesmo relatório da AI, são suspeitos de ligação aos grupos paramilitares, não pode surpreender que, através do «Decreto 128» e da «Lei 782», se tenham, na prática, através do limbo legal que criaram, amnistiado os membros dos grupos paramilitares que estavam sob investigação por suspeitas de cometerem abusos contra os direitos humanos.Aliás, de acordo com os mesmos dados, o assassinato de queixosos e dos seus defensores não é invulgar na Colômbia, como é ilustrado com os trágicos exemplos de Carmen Cecília Santana Romaña, que representava vítimas de roubo de terras, assassinada a tiro no dia 7 de Fevereiro de 2007 e do assassinato de Yolanda Izquierdo no dia 31 de Janeiro de 2007. Yolanda era defensora de várias famílias de vítimas de assassinatos imputados aos paramilitares, num processo contra Salvatore Mancuso, um líder paramilitar.O mesmo relatório da AI refere que a impunidade desses esbirros do regime é tal, que lhes dá a confiança necessária para procederem a ameaças de morte a diversos juízes do Supremo Tribunal de Justiça da Colômbia e às suas famílias.Sindicalistas na miraOs sindicalistas na Colômbia, catalogados pelas autoridades como «elementos subversivos», são perseguidos implacavelmente; os resultados são: 2245 sindicalistas assassinados, 138 desaparecidos e 3400 sob ameaça de morte, isto durante as últimas duas décadas. Diz a AI que mais de 90% dos casos nunca foram sequer investigados.Ilustrando o ambiente em que se exerce a actividade sindical na Colômbia, a AI informa também que em 15 de Maio de 2006 foi encontrada uma nota com uma ameaça de morte na sede do sindicato do sector da alimentação e bebidas em Barranquilla, Departamento Atlântico, onde se lia: «Morte aos sindicalistas, estes são os nomes dos propagandistas e doutrinadores que sujam a nossa cidade, Euripides Yancen, Limberto Carranza, Campo Quintero, Jesus Tovar, Eduardo Arévalo, Tomas Ramos, Henry Gordón; Gastón Tesillo; Carlos Hernández. Chegou a hora de erradicar os tentáculos que crescem dia a dia nos sindicatos, universidades e organizações que permitem que as extraviem».Depois desta ameaça, no dia 3 de Agosto de 2006, agentes da polícia que se apresentaram como pertencendo ao «Serviço de Investigações Judiciais e Inteligência» procederam a buscas ilegais, mesmo à luz da legislação colombiana, na sede do sindicato onde a nota com a ameaça de morte fora encontrada. Quando confrontados com a sua actuação justificaram-se dizendo que a mesma se enquadrava numa acção de prevenção a qualquer ameaça à ordem pública durante as cerimónias de tomada de posse para o segundo mandato do presidente Álvaro Uribe, no dia 7 de Agosto de 2006.Dias depois, em 17 de Agosto, Arturo Montes Barrilla, dirigente sindical do sindicato dos trabalhadores do sector da alimentação e bebidas foi assassinado a tiro. Nenhum procedimento criminal foi efectuado para investigar e eventualmente acusar e julgar o soldado que foi dado como suspeito de ter premido o gatilho".
por: Pina Gonçalves
in jornal Avante! Nº 1808 24.Julho.2008
Nota 1: O nosso blogue é plural e portanto aceita visões diferenciadas - mesmo que todas se reclamem de comunistas. E por isso mesmo aceita a sugestão de "Chalana" de publicar a citação do artigo do Avante sobre Uribe. O que não aceita é provocações. A repetirem-se serão apagadas da caixa de comentários ou reposta a moderação.
Nota 2: Esta edição de 24 de Julho, do Avante, não está acessível (pelo menos no momento desta publicação) pelo que não para ter a certeza da publicação integral do artigo.

domingo, 27 de julho de 2008

Obama, a desilusão da continuidade

Barack Obama veio à Europa fazer algumas definições importantes. Antes dos conteúdos políticos importa referenciar que Obama começou pela Alemanha para sinalizar este país como o vice-presidente do conselho de administração do império global. E aí promoveu um comício gigantesco. Esse comício mostra uma inflexão nas recepções a Bush – não houve manifs de protesto, mas de apoio. O que explica que há uma expectativa nas massas sobre quem se prevê venha a ser o novo chefe do império.
Depois Obama foi à França e à Inglaterra, em visitas secundárias. Estão marcados os lugares destes países, eles serão os secretários do conselho de administração. Em Inglaterra Obama reuniu não só com o caduco poder mas também com aquele que será o futuro chefe. Mais uma mensagem.
No nosso entender os conteúdos são significativos:
1. Obama mantém a pressão sobre o Irão e, portanto, poderá estar a manter o alvo da próxima guerra pois reafirma o perigo da “proliferação nuclear”.
2. Obama renova apoio a Israel e sinaliza a política de continuidade da administração americana e de continuação de cedência ao poderoso e mafioso lóbi israelita.
3. Obama reafirma a necessidade do reforço da presença no Afeganistão; reafirma a importância da política da guerra.
4. Obama identifica o terrorismo como a grande ameaça; está mantida a essência do argumento 1º sobre a guerra infinita. Mais, Obama quer maior mobilização europeia.
5. Obama quer diminuir as barreiras comerciais; esperam-se novas pressões para que os países mais pobres cedam às exigências das multinacionais para que o mercado global se complete plenamente sem mais dificuldades.
6. Por fim o futuro inquilino da Casa Branca também fala nas alterações climáticas para dar um cheirinho de esquerda.
Aqueles que, em Portugal, cedo começaram a tecer loas a Obama talvez estejam já um pouco arrependidos.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

As Farc e as barbaridades

Por Gilvan Rocha

Lembramos muito bem quando se iniciou na Colômbia, inspirado no exemplo da revolução cubana, um movimento guerrilheiro de natureza essencialmente nacionalista. Apesar de seu caráter politicamente limitado, dentro do espírito "pátria ou morte venceremos", o movimento guerrilheiro colombiano, como tantos outros, era dotado de altos predicados morais. Os anos se passaram e, através de um processo de degradação, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - FARC - se degeneraram em decorrência de sua íntima proximidade com o narcotráfico e de outras formas de banditismo.
A direita está em festa diante dos seguidos golpes que as FARC vêm sofrendo. Aproveita esses fatos para desautorizar os que defendem o caminho insurrecional como única alternativa para se chegar ao poder, dizendo que essa época já passou. Agora é a hora da institucionalidade, hora do "socialismo constitucional" levado a cabo pela Venezuela, Bolívia, Equador, Chile, Paraguai e (por que não incluir?) o Nepal. Inclusive, o nosso sábio presidente deu uma bela aula a esse respeito dizendo que, hoje, vivemos um momento democrático e quem quiser basta se organizar politicamente e conquistar o poder.
Ora, o nosso metalúrgico - assim como a maioria dos cientistas políticos formados nas mais diversas academias burguesas para servirem, a preço de mercado, a própria burguesia - não entende que a via institucional tem nos levado, no máximo, a governos, nunca ao poder. Por seu turno, eles não explicam como se pula do governo para o poder, isto é, caso eles queiram construir um novo poder a serviço da tão sonhada emancipação da humanidade dos grilhões do capitalismo, o que não parece ser o propósito desses senhores que, pelo visto, preferem tentar conciliar o inconciliável, conciliar explorados e exploradores, o justo e o injusto, a verdade e a mentira.
As distorções na caminhada socialista, que produziram estados policiais e outras barbaridades, serviram e servem de empecilho à propaganda anticapitalista e não merecem ser defendidas, mas sim expurgadas.

Gilvan Rocha é presidente do Centro de Atividades e Estudos Políticos – CAEP , artigo publicado aqui em Correio da Cidadania

Título da responsabilidade deste blogue, no original "AS FARC"

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Jerónimo de Sousa propõe alternativa com quem?

No discurso de encerramento da Festa da Alegria, em Braga, o secretário-geral do PCP disse: "É perante a falência de uma política que não resolve os problemas do País e dos portugueses e que é a causa do nosso crescente atraso, que nós afirmamos a necessidade e urgência da construção de um caminho novo alternativo. O PCP propõe uma ruptura com esta política de desastre e apela a todas as forças políticas e sociais, aos democratas preocupados com o rumo do seu País, para que façamos uma convergência no sentido de exigir uma política alternativa (...)".
Naturalmente, cabe-nos perguntar: com quem se quer fazer essa alternativa? É que como a direcção do PCP rejeita o BE, os alegristas, a Renovação Comunista ficam poucas forças disponíveis.
Sempre se soube da disponibilidade dos Verdes e da ID. Será mais o MRPP, o POUS, o grupo do falecido Francisco Martins Rodrigues, a Política Operária? Com quem se fará essa alternativa?

Cartoons contra a Directiva da Vergonha




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terça-feira, 22 de julho de 2008

domingo, 20 de julho de 2008

A Susana e as misses



Eis a foto de uma das presidentas mais sexy do planeta.


As 21 finalistas a Miss Odivelas visitaram os Passos do Concelho e reuniram com a presidente de câmara Susana Amador. A importante notícia é nos transmitida pelo site da CMO.
O site diz que a Susana incentivou as jovens a lutarem pelos seus sonhos. Ai que bonito! Que simpático. Teria sido interessante estar presente, ouvir as conversas da Susana:
“ Rita, qual o teu sonho? Óh senhora presidenta, o meu sonho era ser actriz. Veja minha bunda bonita, meus seios roliços, minha cintura estreita (…) diga lá que eu não sou mais jeitosa que a Soraia Chaves?
E tu Felisbela? Qual o teu sonho? Ser presidenta como a senhora, poder tirar assim fotografias de pose em frente à secretária, aparecer 8693 vezes por ano nas revistas da câmara (…) presidenta é bué fixe, ganha-se bem não é?
Minha linda Margarida e tu? Sra presidenta, eu sou uma menina modesta, só queria mesmo um jardim lá no meu bairro. Quando a gente foi para o bairro pensou que os terrenos ao lado eram para jardins, mas foi tudo para prédios. Pronto Margarida passemos à Leopoldina.
Olá minha querida, que idílica fragrância emanas! Fragrância sra presidenta? Ah é o novo da Channel, não conhece? “
Terão sido assim as importantes conversas entre a Susana e as misses?
Nota: Não se encontraram fotos em biquíni. Faça a sua reclamação para o site da CMO.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

O PCdoB não deveria defender os trabalhadores brasileiros?

A entrevista do líder do Partido Comunista do Brasil, Renato Rabelo, ao Avante, peca por uma omissão significativa: não fala nos problemas dos trabalhadores brasileiros. E a resposta à pergunta sobre a perseguição aos Sem Terra é uma coisinha tão social-democrata que era digna de figurar nas publicações da Internacional Socialista.
Na contínua lógica de que o governo está sempre em disputa, o PCdoB tem sustentado o apoio a um governo que conseguiu – isso é verdade – um reforço da economia capitalista brasileira, da expressão do agro-negócio, da contínua destruição da Amazónia, da destruição das terras e dos direitos dos índios em prol da especulação capitalista. Reconhece-se que as medidas de caridade atingem hoje 11 ou 12 milhões de pessoas - mas quanto a medidas de alteração das relações de produção, de alterar a forma de relacionamento das pessoas na sociedade que criam essa permanente pobreza as medidas de governo Lula são - não só quase nulas - mas quase sempre favorecedoras dos capitalistas.
Seria interessante Renato Rabelo dizer a sua opinião sobre a posição de lideranças do PCdoB em lugares estratégicos e de responsabilidade para o capitalismo brasileiro como a indústria do petróleo, da energia nuclear, do espaço…
Mas esta de dizer que a criação da Unasul combate o imperialismo parece uma tirada à Mao Tse-tung. Diógenes Arruda, João Amazonas, ai se vocês lessem isto!

terça-feira, 15 de julho de 2008

chegado por e-mail

Dizem os americanos : We have George Bush, Stevie Wonder, Bob Hope, and Johnny Cash.

Respondem os portugueses: We have José Socrates, No Wonder, No Hope, and No Cash.

domingo, 13 de julho de 2008

Miguel Portas não tem razão!

Miguel Portas deu uma entrevista à Visão que não desmerece. Muitas das pessoas que navegam na esquerda são uma espécie de “marxistas desarrumados”. É bom que todos os que têm uma referência no marxismo o façam de uma forma aberta e não sectária. E se há necessidade de criticar uma perspectiva dogmática do marxismo também há os dogmáticos, que se dizem anti-dogmáticos, que só de ouvirem falar de expressões como classe se lhes perturba o pensamento.
Mas há uma pequena parte da entrevista que merece um olhar particular:
O comunismo é uma realidade social e cultural muito marcante do século XX, em muitos países, porque não é só um fenómeno político. Há uma dimensão de crença que se mistura com esperança. Mas o que é crença nuns, é esperança noutros e mistura-se com o que a religião foi, ao longo do tempo: uma estrutura hierárquica com um conjunto de ritos e práticas que consagram a própria doutrinas. Olhe para a festa do Avante. Tem características de encontro entre o mundo rural e o mundo urbano que não têm apenas a ver com a tradição do comunismo, mas com tradições agrárias muito mais antigas e com ritos de encontro que não se explicam pela política. Explicam-se por factores de natureza antropológica que cavam muito fundo nas sociedades humanas. Não foi só o cristianismo que transformou os deuses pagãos em Santos. O comunismo também tem os seus padres, os seus papas. Até os seus Santos. O Marx, o Lenine, o Engels que são se não santos? Do que é que o comunismo é filho se não das grandes tradições do monoteísmo, das mundividências e das grandes esperanças. O comunismo é um produto moderno de uma história muito antiga, da história da luta contra as injustiças”.
É verdade que há pessoas que se consideram comunistas que transformaram o ideal comunista numa religião. O que é contrário ao à própria filosofia marxista. Dogmatizar o comunismo é torná-lo incapaz de responder às mutações da luta de classes e às novas realidade do nosso tempo. Uma das traves fundamentais da nossa filosofia é a análise materialista e dialéctica da realidade social. Ora se esta muda, a análise mudará e – embora mantendo a referência dos princípios de classe – ela encontrará novas ferramentas e novas formas de luta para o proletariado e para o ataque às forças dominantes. Por isso tem sido muito penalizador dos comunistas, em todo o mundo, que e adaptem soluções – certas no tempo de Lenine – mas desadequadas agora. É como sempre usar a mesma solução (um autocolante) para qualquer problema. O capitalismo transformou-se muito e a melhor de prosseguir a luta é continuar interpretar a filosofia para alterar a realidade.
Na verdade não foi o comunismo, enquanto filosofia, que tornou Marx, Lenine ou Engels em santos. Foi o dogmatismo dos que se recusaram, demitiram, ou não souberam pensar como marxistas.
E por isso Miguel Portas não tem razão. Até porque há vários exemplos de comunistas que têm sabido apresentar soluções inovadoras na luta de classes e ajudado a crescer esquerdas combativas e revolucionárias. E, pela experiência nacional e internacional que tem, Miguel Portas sabe bem disso.
O comunismo tem um largo futuro à sua frente. Enfrenta hoje enormes dificuldades, políticas, ideológicas, organizativas (…), em particular na Europa com um forte e largo avanço da direita, da retirada dos direitos sociais duramente conquistados, da ideologia liberal…
Mas encontradas propostas alternativas e mobilizadoras, confiantes numa capacidade dialéctica revolucionária de perceber o capitalismo moderno e o aumento das tensões sociais, os comunistas têm um futuro promissor no seu crescimento. E se a forma como se organizam também é importante (características de partido, tendência, …) a linha política será o determinante.
Àh Miguel, e não é só contra as injustiças, é contra a exploração da pessoa pela pessoa e pelo fim da propriedade privada.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

A violência, os comunistas, as FARC ou a ETA


O recente resgate de Ingrid está a conduzir a uma imensa campanha anti-revolucionária. E com ela uma pergunta assalta as mentes lutadoras: qual a nossa atitude face à violência?
Há coisas simples: sem guerra de oposição ao nazismo não teria sido possível derrotá-lo, sem guerra de libertação de Timor não teria sido possível libertá-lo. Portanto, a luta armada pode ser muito necessária à libertação dos povos. Há quem diga ser ainda o caso do País Basco.
E quando esses povos adquiriram direito à sua nacionalidade e possuem o seu próprio Estado? Por vezes pode acontecer ser necessária a luta armada – pode até ser o caso da Colômbia.
Mas se há coisas que os lutadores necessitam identificar é saber quem bem quem são os seus inimigos. Os ocupantes, sim, a classe opressora, mais burguesa ou mais feudal, mais corrupta ou mais ditadora(…) mas os inimigos dos revolucionários entenda-se não se situam nas massas, nos pobres, nos que possuem posições baixas, ainda que intermédias na sociedade…
Daí que é difícil perceber que matar portageiros, cozinheiros, deputados municipais, pôr bombas em praias, aeroportos, vias públicas, atingindo directa ou indirectamente as massas seja qualquer coisa de revolucionário. Será, talvez sim, reaccionário, terrorista, fascista, porque fascista é a violência indiscriminada sobre as massas. A ETA já fez disso.
Também difícil será de compreender que ter como pilar o rapto generalizado para sustentar uma resistência política seja algo revolucionário. Usar seres humanos como escudos, mesmo numa guerra de guerrilha, é uma actividade terrorista. E esses métodos, sem ir mais longe têm que ser reprovados. E um mal não justifica outro. E só pode conduzir à destruição das capacidades de alianças sociais alargadas contra o inimigo.
O reganhar da esperança do comunismo e da revolução como projectos de futuro para a humanidade não será possível assente no apoio à violação dos direitos humanos. Esse é o jogo que a burguesia quer – como se está a ver nos telejornais de todo o lado. E isso está a ter efeitos muito nefastos nas mentes de muitos e muitos milhões de pessoas.
Os comunistas sabem que a violência pode ser precisa e adequada para, sempre com acção e apoio das massas, responder à luta de classes. Mas isso tem princípios.

Os cegos - filme, a propósito do G8

chegado por e-mail

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Manela, o país tá de fio dental?

Óh Manela
Então tu não queres fazer investimentos públicos? Será que é a forma de te demarcares do governo, mostrando a tua "mais valia", a tua fama de mulher dura é dizeres o que se sabe, ou melhor de que a vossa (do centrão) política neoliberal afinal não resolve política nenhuma, afinal de que o país está não de tanga mas de fio dental?
Olha lá Manela, percebe-se que tens dificuldade em te demarcares do governo, que ocupou o teu espaço político, mas será que isso dá para vender produto eleitoral quando as empresas de construção civil caem a pique nas bolsas e precisam da política cavaquista (a tal do cimento, lembras-te?) para relançar os seus negóciozitos. O Manela, olha que a vida está difícil, ainda ontem a Soares da Costa perdeu 18,6%, a Teixeira Duarte 16,67%, a Mota Engil 9,54%, a Cimpor 7,01%, porra Manela, olha que a vida tá difícil, não vês que a inflação europeia, a diminuição das exportações, porra Manela...
Óh Manela, e tu achas que o zé povinho vai continuar a achar graça a essa história do aperta o cinto? Manela, olha que já há muita gente a não acreditar que isto pode ter outra volta que não pelo lado direito. Eh pá, Manela, olha que cada vez há mais notícias de pobreza, agora até o desemprego voltou a aumentar - não se consegue sempre manipular as estatísticas - e, Manela, agora até o Rendimento Social de Inserção voltou a subir. Óh Manela, olha que a vida está difícil e se tu atrapalhas os nossos negócios ja não financiamos mais o PSD e continuamos a dizer que o governo está muito bem. Óh Manela, o Sócrates agora até nos dá dois códigos! Sim dois, o da função pública e o do privado. E tu queres o quê Manela? Olha a crise internacional Manela, olha o preço do petróleo Manela.
Óh Manela, a malta gosta de ver traseiros bem feitos, mas fio dental Manela?