quarta-feira, 20 de junho de 2007

O que resta da esquerda?

Rui Ramos, Vasco Pulido Valente, Alexandre Relvas e António Carrapatoso deram à luz uma obra revolucionária: revolucionários!
Os artífices do esforço querem-nos fazer crer da validade da destruição do Estado social como condição de igualdade de partida entre todos os cidadãos, querem-nos fazer crer da única possibilidade de vida na terra – a do domínio do capital. E para esse domínio a esquerda, dizem eles, é necessária. Para fazer aquilo que Blair fez, para fazer aquilo de que Sócrates faz. Em nome do Estado social destroem as funções sociais do Estado. Em nome da defesa do almoço tiram-nos o jantar.
Rui Ramos na sua crónica do Público de hoje diz que “José Sócrates não roubou ninguém. Limita-se a fazer o necessário para dar mais uns anos de vida ao Estado social. Como não é possível subir mais os impostos, baixa as prestações. Sócrates limitou-se a tropeçar numa velha verdade socialista: o empobrecimento é o preço do controle da sociedade pelo poder político.”
Esta frase contém várias asserções erradas.
È possível subir mais os impostos. Para quem? Para quem os pode pagar. Para as grandes fortunas, para a banca que paga abaixo do cidadão comum, para as transacções em bolsa… mas isso faz parte do dogma liberal – isso não se pode falar. É pois verdade que a Sócrates só resta baixar as prestações. Aliás, o reinado Sócrates tem aumentado a pobreza, os salários têm baixado, a economia permanece e agrava o seu atraso em relação à Europa e a atribuição de rendimento mínimo garantido aumentou exponencialmente. Ainda hoje, as notícias dão conta que os trabalhadores portugueses vão continuar a ser os que menos poder de compra vão ganhar na OCDE. Com Sócrates há mais pobres, mais desemprego e mais indigência.
Sócrates tropeça na mentira de um governo dito socialista, tropeça na submissão rasteira mas altamente demagógica ao dogma do domínio do capital.
Em verdade, a sociedade não está controlada pelo poder político – o poder político, e por conseguinte a sociedade, estão controlados pelo poder económico. A velha frase marxista de que os governos são comissões de negócios da burguesia mostra bem a sua validade.
É para essa traição que a burguesia precisa da “esquerda”.

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